Duas semanas para refletir sobre o tema «Democracia face aos desafios do autoritarismo»: eis o tema proposto aos estudantes que participam na primeira Summer school organizada pela Aliança estratégica das universidades católicas de investigação (Sacru). A formação — que começou no passado dia 1 e irá até 14 de julho, no campus de Lisboa da Universidade católica portuguesa, um dos parceiros da network Sacru — abrange 16 estudantes de seis universidades da Europa, Oceânia, América do Norte e América do Sul. Além dos professores do ateneu português, também os docentes da Universidade católica do Sagrado Coração (Itália) e da Sophia University (Japão) contribuem com os seus conhecimentos. O programa tenciona proporcionar uma experiência educativa integral, combinando o estudo académico com visitas culturais nos arredores de Lisboa.
Esta primeira edição, explicam os organizadores, é dedicada «aos desafios generalizados e urgentes que atualmente ameaçam a estabilidade e a atratividade da “democracia liberal” numa ordem global cada vez mais interligada, competitiva e complexa». Com efeito, «uma sequência frenética de acontecimentos mundiais» — os ataques terroristas de 11 de setembro, as guerras no Afeganistão e no Iraque, a invasão russa da Ucrânia e o conflito israelo-palestiniano, a crise global dos refugiados, as ondas migratórias sem precedentes e a pandemia — «teve um forte impacto na credibilidade e perceção da aptidão da democracia liberal para lidar com as complexas dinâmicas do presente».
Por conseguinte, académicos e estudantes são chamados a refletir sobre o modo como a democracia liberal deveria ser definida, como foi desenvolvida, que interações foram adotadas, o que correu mal, que críticas se tornaram populares e que princípios devem orientar um possível renascimento “liberal-democrático”. Os estudantes selecionados para participar no programa provêm de diferentes âmbitos: ciência política e relações internacionais, cooperação e desenvolvimento, história, filosofia, direito, enfermagem, línguas, economia e psicologia. Esta integração de várias disciplinas, indica a Sacru, «enriquece a experiência de aprendizagem, promove uma compreensão abrangente de questões globais complexas e demonstra como a interdisciplinaridade é uma pedra angular da nossa atividade».
«Esta Summer school reflete o compromisso da Sacru em envolver as jovens gerações de diferentes continentes» — comenta o secretário-geral Pier Sandro Cocconcelli, pró-reitor vigário da Universidade católica — «o programa oferecerá aos estudantes uma experiência que vai além das horas letivas. Será uma oportunidade única para se sentir parte de uma rede global e para construir laços fortes. Num presente e futuro marcados pela internacionalização, é fundamental que a Aliança continue a propor iniciativas semelhantes».
Por sua vez, Mónica Dias, diretora do Instituto de estudos políticos da Universidade católica portuguesa e responsável científica da Summer school, afirma que «muitos dos desafios que atualmente ameaçam a estabilidade das sociedades democráticas são mundiais, tanto na sua natureza como no seu impacto». «É por isso que iniciativas como a Sacru Summer school são de imenso valor: permitem que especialistas e estudantes do mundo se reúnam e compartilhem experiências únicas, ofereçam perspetivas diferentes e proponham soluções inovadoras, imergindo-se num programa que promove a curiosidade científica e a comunicação aberta». (charles de pechpeyrou)