A verdadeira Luz do mundo

As irmãs Sacramentinas são uma comunidade de religiosas com deficiência visual. Não têm a vista, mas todos os seus outros sentidos estão ativamente empenhados para a glória de Deus e o bem da humanidade. Dedicam-se ao catecismo, à agricultura e à avicultura, visitam e apoiam as pessoas, confecionam rosários e tricotam. «Preciso de oportunidades, não de compaixão», diz a irmã Mary Veronica.

Afamília de dom Orione inclui os Filhos da Divina Providência e as Pequenas Irmãs Missionárias da Caridade. No entanto, nem todos sabem que, no seio da mesma família, existe uma comunidade de irmãs Sacramentinas, cujos membros são religiosas cegas.

As irmãs Sacramentinas passam grande parte do dia em adoração ao Santíssimo Sacramento, mas também desempenham um apostolado na sua comunidade local. O instituto foi fundado na Itália por São Luís Orione, um sacerdote italiano geralmente conhecido como dom Orione.

No Quénia, a comunidade das irmãs Sacramentinas é composta por quatro membros: irmã Mary Carmen, irmã Mary Angelina, irmã Mary Rachael e irmã Mary Veronica.

Apostolado e oração

A irmã Mary Veronica sempre desejou ser religiosa, mas teve dificuldade em encontrar uma congregação que a aceitasse, devido à sua deficiência visual. Em 1981, uma irmã de hábito da Consolata encaminhou-a pela primeira vez para as irmãs Sacramentinas, onde permanece até hoje.

«Esta congregação de religiosas com deficiência visual é única do seu tipo, e é única no Quénia», disse a irmã Mary Veronica. «O nosso fundador, dom Orione, era uma pessoa caridosa e pediu-nos para ser mães e irmãs dos pobres. Oferecemos a nossa deficiência visual a Deus pelos irmãos e irmãs que não conhecem a verdade, a fim de que possam experimentar Deus, Luz do mundo».

Embora sejam deficientes visuais, as irmãs Sacramentinas são contemplativas e, ao mesmo tempo, muito ativas. Ensinam catecismo na sua paróquia, visitam as pessoas no povoado vizinho e oferecem a sua ajuda também online. «No nosso carisma de irmãs Sacramentinas, adoramos Jesus no Santíssimo Sacramento e falamos a Jesus a respeito da humanidade. Encontramo-nos com as pessoas e falamos com elas sobre o amor de Deus. Levamos as almas a Jesus e Jesus às almas», disse a religiosa.

As irmãs revezam-se na Adoração e desempenham outras tarefas comunitárias, como a agricultura, a avicultura, a confeção de rosários e tricô, como atividades que geram renda para a sustentabilidade. «Unimo-nos à congregação para dar e receber; não nos unimos para ser ajudadas. Procuramos ser autónomas em tudo o que fazemos», afirmou a irmã Mary Veronica, acrescentando: «Preciso de oportunidades, não de compaixão».

Os desafios da comunidade

Comprar livros escritos em braille não é fácil para as irmãs com deficiência visual. Durante muitos anos, importaram livros espirituais em braille. Com o aumento das tarifas de importação, as religiosas já não podem receber os livros como no passado. No entanto, as irmãs reconhecem que os desafios as tornam completas. «Enfrentamos os desafios com alegria, ser deficientes visuais não nos priva dos nossos talentos e capacidades», afirmou a irmã Mary Rachael.

Michelle Njeri

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