Em Donkorkrom, Gana, os religiosos na linha da frente contra a poluição de plástico

O dever comum de não sujar a Terra

 O dever comum  de não sujar a Terra  POR-041
10 outubro 2024

Os religiosos consagrados do Gana, além das suas numerosas outras atividades, encontram tempo para ajudar a comunidade mais ampla a reconhecer a necessidade de proteger a Criação, concentrando-se em particular na luta contra a poluição de plástico, que se tornou um problema grave, especialmente nas áreas suburbanas próximas das cidades.

Apoluição é fácil de reconhecer em Donkorkrom, na região oriental do Gana, África ocidental. Ao dar um passeio em Donkorkrom, desde a porta de casa, passando pelas ruas, até aos mercados, é possível ver sacos de plástico abandonados no chão. Os habitantes de Donkorkrom têm o hábito de beber água em sacos de plástico e, muitas vezes, imediatamente depois de beber a água, abandonam o plástico no chão em toda a parte.

Não é raro ver plástico espalhado nos pátios das escolas ou igrejas, apesar dos inúmeros pedidos dos sacerdotes e dos religiosos para prestar mais atenção.

Destruição causada pela poluição

O abandono indiscriminado de material plástico no solo tem graves consequências para o meio ambiente. Por exemplo, a chuva arrasta o plástico do chão, incorporando-o no solo, o que muitas vezes só se descobre quando se vai arar para semear, encontrando-se um terreno morto onde nada pode germinar devido à poluição de plástico.

Outro problema que deriva da poluição de plástico é o entupimento das sarjetas causado pelo plástico e, quando chove, a água não consegue escoar e provoca transbordamentos e inundações, causando maiores danos à comunidade.

A poluição de plástico não é apenas prejudicial para o solo, mas também para os animais, que fazem parte da Criação de Deus. Alguns dos plásticos transportados pela chuva ou pelas cheias ficam suspensos na relva e, se algum animal os engolir por engano, morre.

Procuradores de soluções

Os religiosos consagrados estão comprometidos em sensibilizar a comunidade para a necessidade de proteger o meio ambiente. Fazem-no levando a comunidade a participar em conferências e outras atividades acerca deste assunto, mas sobretudo com as próprias realidades da vida. Estão empenhados em tomar a iniciativa para que outros os sigam.

O seu objetivo é continuar a dedicar-se ao cuidado ambiental nas suas comunidades religiosas e nas paróquias, de tal modo que os membros da comunidade local, quando visitarem as suas casas, vejam, tomem consciência e sigam o exemplo.

Os religiosos consideram ainda que, a fim de que esta luta seja bem-sucedida, deve haver algum tipo de substituição para eliminar a poluição de plástico. Assim, desejam produzir sacos de compras utilizando fibras ou materiais que possam ser eliminados, para ser usados conscientemente nas compras, em vez de transportar inúmeros sacos de plástico das lojas, o que só contribui para aumentar a poluição.

Acreditam que, se a comunidade os vir agir assim, certamente haverá uma mudança positiva nela e ela mesma tornar-se-á mais consciente da preservação da terra.

Procissão de velas

Em junho de 2024, pessoas consagradas do Vicariato apostólico de Donkorkrom passaram pelas ruas da cidade de Donkorkrom em procissão, à luz de velas, com cartazes e uma faixa para apoiar a proteção do meio ambiente.

A procissão foi guiada pelo padre Bernard Adjei Appiah, svd , presidente da União religiosa africana do Gana e administrador da Catedral de São Francisco Xavier, em Donkorkrom.

A procissão de velas foi uma das atividades apoiadas pela Conferência dos superiores maiores dos religiosos no Gana, para a celebração do Ano jubilar e do Ano especial para os religiosos, declarado pelo Santo Padre Francisco, intitulado: “Envia o teu espírito e renova a face da terra” (Sl 104, 30).

Pronunciando um discurso no final da procissão, o padre Bernard disse: “Enquanto estamos todos a caminho, Deus concedeu-nos algo muito bom, ou seja, a Terra. Pede-se que cuidemos dela e que não a destruamos nem arruinemos”.

Ele exortou ainda os estudantes e alunos presentes a assumir o dever de recolher todo o plástico que encontrarem nos ambientes escolares e chamou um representante de cada um dos grupos e instituições da Igreja presentes, cada qual com um cartaz, pedindo-lhes que se comprometam na salvaguarda da Terra.

Processo de sensibilização
em curso

A sensibilização para o problema da poluição de plástico é um processo em curso que já deu alguns frutos. Entre eles, a constatação de que uma em cada duas crianças da classe do jardim de infância já está consciente de que deve colocar o plástico das bolachas num caixote, não no chão. Até as crianças da escola dominical sabem que devem recolher todo o plástico que encontrarem no chão.

Como próximo passo de sensibilização, os religiosos querem levar caixotes de lixo, em vez dos cartazes, para recolher o plástico ao longo das ruas, de maneira a transmitir mais facilmente a mensagem à comunidade.

#sistersproject

Sylvie Lum Cho