· Cidade do Vaticano ·

A missão da irmã Gracy Thombrakudyil no Querala, Índia

Levar a tocha da esperança aos migrantes

 Levar a tocha da esperança  aos migrantes  POR-043
24 outubro 2024

A irmã Gracy Thombrakudyil, scn , fez sua a missão de servir pessoas de várias religiões que migram de um Estado para outro, ajudando-as numa viagem de transformação da opressão para a emancipação. O seu exemplo inspirou muitos outros religiosos, leigos e organizações não-governamentais a considerar a causa dos migrantes como sua.

Aterceira filha da sua família, a irmã Gracy Thombrakudyil, hoje irmã da Caridade de Nazaré ( scn ), vem de uma cidade do Querala, no sul da Índia.

Nos primeiros anos da sua vida religiosa, a irmã Gracy trabalhou com os tribais de Santhal em Jharkhand para os educar e responsabilizar. Mal sabia ela que esta experiência serviria de preparação para os seus projetos futuros.

A situação dos migrantes

No final da década de 90, a Índia assistiu a uma vaga significativa de migrantes dos estados do norte para o sul, particularmente para o Querala, em busca de emprego e estabilidade financeira. Embora os sistemas de educação e de saúde satisfizessem as suas necessidades, eram frequentemente objeto de discriminação por parte dos habitantes locais.

Muitos viviam em apartamentos minúsculos e sobrelotados, com serviços mínimos e a preços elevados, organizados pelos seus empregadores. Os empregadores impunham muitas vezes restrições às visitas, pois apresentavam-se de surpresa e contavam o número de chinelos para se certificarem de que não havia membros adicionais.

No trabalho, os contratantes eram demasiado exigentes e muitas vezes ofendiam perante pequenos erros. Os imigrantes eram obrigados a trabalhar sem folga e com prazos punitivos que não davam espaço para descanso. Muitos migrantes tinham o seu salário penhorado, o que os deixava vulneráveis e com medo de serem despedidos e humilhados; suportavam a opressão para a sobrevivência das suas famílias.

Responder
ao grito do migrante

Prestando atenção ao grito destes migrantes económicos, os jesuítas que trabalham na Índia, em colaboração com as Irmãs da Caridade de Nazaré, iniciaram um serviço para eles. A irmã Gracy foi contratada como assistente social e, baseando-se no seu conhecimento das culturas e línguas tribais, particularmente o “Santhali” e o “Ho”, lançou-se de cabeça para salvar estes indivíduos da sua angústia.

Graças aos seus esforços, a irmã Gracy conseguiu reunir migrantes católicos para celebrações eucarísticas e festas culturais. Desde 2015, tem cuidado dos migrantes, independentemente da sua origem religiosa, para garantir que recebem educação sobre programas governamentais, acesso a cuidados de saúde e a possibilidade de apresentarem reclamações em caso de abusos no local de trabalho ou na sua residência.

Pioneira
na mudança sistémica

No seu trabalho pioneiro com os migrantes no estado do Querala, a defesa da irmã Gracy facilitou uma mudança de paradigma na perceção que a população local tem dos migrantes.

Inicialmente, estes migrantes eram discriminados pelos malaialas locais e havia um enorme fosso entre os residentes locais e os migrantes. Ao observar esta realidade, a irmã Gracy criou uma plataforma que motivou os residentes locais, que no passado eram observadores passivos, a envolverem-se como voluntários no apoio aos migrantes.

Ela viajou para diferentes partes do Querala, ajudando o clero católico local e os religiosos consagrados a aprender a fazer amizade com os migrantes.

Obstáculos no caminho

Na sua missão junto dos marginalizados, a irmã Gracy deparou-se com vários obstáculos. Um dos desafios foi o número variável de migrantes, que influencia a continuidade do trabalho.

Quando começou o seu serviço, alguns empregadores viram com maus olhos a irmã Gracy e a sua equipa que agiam como agentes de justiça para os migrantes.

No entanto, após vários anos de serviço, os migrantes ficaram habilitados a apresentar denúncias e aprenderam a não tolerar a injustiça a qualquer preço.

Mãe dos migrantes

Os migrantes no Querala encontraram um lar com a irmã Gracy, que tem sido uma mãe e um farol de esperança para muitas pessoas no distrito de Kozhikode. Ela encarna a essência do apelo do Papa Francisco durante a audiência geral de 28 de agosto de 2024, quando invocou um «olhar renovado e aprofundado» que abrace os rostos e as histórias daqueles que atravessam as fronteiras em busca de esperança.

#sistersproject

Florina Joseph