Entre os Padres mais venerados da tradição sírio-oriental, Isaac de Nínive, também conhecido como Isaac, o Sírio, pertencia à tradição pré-efesiana, ou seja, às Igrejas de tradição assírio-caldeia.
Tendo nascido no atual Qatar, e vivido na segunda metade do século vii, após uma primeira experiência monástica foi ordenado bispo de Nínive, nos arredores da atual Mossul, no Iraque. No entanto, depois de alguns meses de episcopado, retirou-se no mosteiro de Rabban Shabur, em Beth Huzaye, atualmente sudoeste iraniano, onde compôs várias coletâneas de discursos de conteúdo ascético-espiritual.
«Não obstante pertencesse a uma Igreja que já não estava em comunhão com nenhuma outra, porque não aceitava o Concílio de Éfeso, de 431 — lê-se numa nota do Dicastério para a promoção da unidade dos cristãos — os escritos de Isaac foram traduzidos em todas as línguas faladas pelos cristãos», tornando assim o futuro santo «uma importante autoridade espiritual, sobretudo nos círculos monásticos de todas as tradições, que depressa o veneraram entre os seus Santos e Padres».
Hoje, a sua inclusão no Martirológio Romano — anunciada a 9 de novembro, pelo Papa Francisco — «demonstra que a santidade não se esgotou com as separações, mas existe para além dos confins confessionais», acrescenta a nota também porque, como recordou o recente Sínodo sobre a sinodalidade, «o exemplo dos santos e testemunhas da fé de outras Igrejas e Comunhões cristãs é um dom que podemos receber, incluindo a sua memória no nosso calendário litúrgico» (Documento final, n. 122).