Almoço do Pontífice com 1.300 indigentes

Sentados lado a lado com a esperança

 Sentados lado a lado com a esperança  POR-047
21 novembro 2024

«Oremos ao Senhor para que abençoe todos nós e abençoe também a refeição que agora recebemos. Que o Senhor vos abençoe e nos abençoe a todos: Pai, Filho e Espírito Santo. Bom almoço e ânimo, em frente!». Com estas palavras, o Papa Francisco introduziu, no final da manhã de 17 de novembro, o almoço partilhado com 1.300 pobres, por ocasião do Dia mundial a eles dedicado. Organizado na Sala Paulo vi pelo Dicastério para o serviço da caridade, este ano foi oferecido pela Cruz vermelha italiana (Cri) e animado pela sua Fanfarra nacional.

Era palpável a emoção dos presentes, que acolheram a chegada do Papa com calorosos aplausos. Alguns sentaram-se ao seu lado à mesa retangular colocada no centro do salão; outros dispuseram-se em muitas mesas redondas, decoradas com simples composições de frutas e flores brancas e amarelas, as cores do Vaticano. Cerca de 340 voluntários da Cri serviram a refeição, prestando especial atenção às numerosas mães que tinham ao colo os filhos, carinhosamente abençoados pelo Santo Padre, que lhes ofereceu rebuçados. Muitos dos presentes quiseram tirar uma fotografia do momento, para conservar uma recordação tangível desse dia.

No final do almoço, o bispo de Roma agradeceu aos participantes a companhia e, em particular, aos voluntários da Cri a sua contribuição. Por fim, cada um dos presentes recebeu uma mochila, oferecida pela Congregação da missão (cujos membros são também conhecidos como lazaristas, ou vicentinos), com produtos alimentares e de higiene pessoal.

Já na sua oitava edição e centrado no tema «A oração dos pobres eleva-se até Deus» (Sir 21, 5), o Dia mundial dos pobres, celebrado no xxxiii Domingo do tempo comum, penúltimo do ano litúrgico, começou com a santa missa presidida pelo Papa Francisco na basílica do Vaticano.

Antes da celebração na basílica, o Pontífice benzeu simbolicamente treze chaves, representando treze países onde a Famvin Homeless Alliance (Fha), da Família vicentina, construirá novas casas para pessoas necessitadas, seguindo o projeto “Treze casas”, concebido para o Jubileu de 2025.

Esculpidas pelo artista católico do Canadá, Timothy Schmalz — também autor da escultura “Angels Unawares”, dedicada aos migrantes e refugiados e instalada na praça de São Pedro em 2019 — as chaves são feitas em bronze e têm 30 cm de comprimento.

Os países destinatários do projeto “Treze casas” são: Austrália, Brasil, Camboja, República Centro-Africana, Chile, Costa Rica, Itália, Senegal, Tanzânia, Tonga, Reino Unido, Ucrânia e Síria. Neste país, extenuado por anos de guerra, as novas casas serão financiadas diretamente pela Santa Sé, como obra de caridade para o próximo Ano Santo. O gesto foi possível graças a um donativo de UnipolSai, que quis contribuir para este sinal de esperança para uma terra devastada pelo conflito.

Lançado em 2018, o projeto de casas da Família vicentina já levou ajuda a mais de 10.000 pessoas em 70 países do mundo. Durante o Ano jubilar, explicou o padre Tomaž Mavrič, superior-geral da congregação da missão e presidente do conselho executivo da Família vicentina, o objetivo é envolver ainda mais comunidades no mundo inteiro, através de «uma viagem de esperança que confirme o nosso compromisso de pôr fim ao flagelo dos desabrigados», caminhando «lado a lado com os necessitados, testemunhas de um porvir arraigado na esperança e no compromisso comum».

«A bênção das chaves pelo Papa Francisco — acrescentou Mark McGreevy, coordenador de Fha e presidente de Depaul International — é um marco na nossa missão de alcançar os mais vulneráveis e difundir a mensagem de esperança e caridade promovida pela Igreja».

Depois, com os ritos de introdução abertos pela procissão, teve início a santa missa e, vestindo os paramentos litúrgicos, o Papa sentou-se diante da coluna de São Longino.

No altar da Confissão, ao celebrante principal, D. Rino Fisichella, pró-prefeito do Dicastério para a evangelização, uniram-se, no momento da consagração, o cardeal Konrad Krajewski, esmoler de Sua Santidade, e D. Franz-Peter Tebartz-van Elst, delegado para a catequese do Dicastério para a evangelização.

Entre os cardeais, bispos e sacerdotes concelebrantes, encontrava-se o substituto da Secretaria de Estado, D. Edgar Peña Parra.

Animada pelo coro da Capela Sistina, dirigido pelo maestro Marcos Pavan, a celebração teve início com o cântico M’invocherete e io vi esaudirò. A primeira leitura, em inglês, foi tirada do Livro do profeta Daniel (12, 1-3); a segunda, em espanhol, da Carta aos Hebreus (10, 11-14.18), precedida pelo Salmo 15: «Amparai-me, ó Deus, em Vós me refugio». Do Evangelho de Marcos (13, 24-32), proclamado pelo diácono, realçou-se: «O Filho do homem reunirá os seus eleitos dos quatro ventos».

A homilia do Santo Padre e a profissão de fé foram seguidas pelas intenções dos fiéis em francês, alemão, coreano, português e chinês. Rezou-se em especial por quantos vivem na indigência — para que o Senhor lhes conceda «a consolação da sua amizade e da presença de irmãos atentos e generosos» — e pelos governantes, a fim que, «livres de interesses pessoais, promovam a dignidade e o bem de cada pessoa».

A distribuição da comunhão foi acompanhada pelos cânticos Gustate e vedete e Tu, fonte viva; depois, durante os ritos conclusivos, introduzidos pela bênção concedida pelo Pontífice, foi entoada a antífona mariana Mira il tuo popolo.

Isabella Piro