· Cidade do Vaticano ·

Campanha solidária com os defensores dos direitos humanos e ambientais na América Latina

Proteger a vida de quem cuida da “casa comum”

 Proteger a vida de quem cuida da “casa comum”  POR-050
12 dezembro 2024

Orecente assassinato do defensor dos direitos humanos e ambientais Juan Antonio López — responsável diocesano da pastoral social da diocese de Trujillo, Honduras — quando saía da paróquia, abalou a sociedade latino-americana. E mostrou a importância do trabalho realizado por tantos homens e mulheres que põem a vida em risco para proteger a dos outros.

A morte de López pôs em evidência também a condição vulnerável em que vivem os defensores dos direitos humanos e os líderes que protegem a “casa comum” em toda a América Latina. Muitos deles são inspirados pelos ensinamentos do Papa Francisco na Laudato si’, Laudate Deum e Fratelli tutti. A Igreja católica não os quer deixar sozinhos. Por isso, várias organizações sociais, religiosas e civis, lideradas pelo Conselho episcopal latino-americano (Celam), e apoiadas pelo Dicastério para o serviço do desenvolvimento humano integral (Dsdhi) e pela Pontifícia comissão para a América Latina (Pcal), uniram esforços para lançar a campanha “A vida está presa a um fio”, a fim de realizar gestos que promovam a solidariedade, a proteção e o reconhecimento do trabalho dos defensores dos direitos humanos, dos líderes sociais e dos atores civis na América Latina e no Caribe.

A iniciativa, cujo lema é “Tecer o futuro, proteger a vida”, foi apresentada em 9 de dezembro, na Sala de Imprensa da Santa Sé. O cardeal Michael Czerny, prefeito do Dsdhi, realçou o valor «do diálogo, da fraternidade e da amizade social na resolução dos conflitos». Acrescentou que «compete a todos nós cuidar dos nossos irmãos, especialmente dos mais vulneráveis, e cuidar da casa comum», resumindo as razões da campanha: «A vida é um dom sagrado de Deus. Não podemos ficar indiferentes às vidas ameaçadas de quem defende os direitos humanos e ambientais. Não podemos deixá-los sozinhos!».

O projeto procura dar visibilidade a casos emblemáticos de defensores dos direitos humanos e ambientais que trabalham em âmbitos muito sensíveis, como o modelo extrativo, a limitação da liberdade de expressão e da participação cívica, os conflitos armados internos e o limite posto às mulheres defensoras dos direitos humanos e do seu papel na política. O objetivo é dar impulso a ações concretas perante a indiferença social, à desarticulação institucional, à fragilidade dos sistemas de proteção e à impunidade face aos crimes cometidos.

No seu discurso, o recém-criado cardeal Jaime Spengler, presidente do Conselho episcopal latino-americano (Celam) salientou que «o sangue de centenas de líderes assassinados na América Latina e no Caribe exige justiça e não podemos ficar indiferentes, temos o dever de os ajudar nos seus esforços e de denunciar a cultura da morte». E recordou como «a fé que nos une» nos chama «a reconstruir o tecido social com ações de sensibilização e a dar visibilidade às lutas dos defensores dos direitos humanos e ambientais».

Na sua intervenção, Emilce Cuda, secretária da Pcal, salientou que «tudo o que a Igreja faz, não o faz por motivos políticos ou económicos, fá-lo pelo Evangelho». E acrescentou que a encíclica do Papa Francisco Fratelli tutti «oferece um instrumento precioso para defender estas vidas presas a um fio», que é o diálogo social, «que consiste em fazer com que as partes se sentem e ponham o conflito à mesa para o tornar visível, para negociar melhores condições e para as levar adiante».

A campanha decorrerá até 10 de dezembro de 2025, coincidindo assim com o Jubileu da esperança. Os organizadores esperam que este projeto possa contribuir para garantir que a cultura da vida prevaleça sobre as espirais da violência.

Lorena Pacho Pedroche